sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Porcelana

Ele não era colecionador. Muito menos especialista. Mas, um dia, ao andar distraído conferindo o colorido das vitrines que expõem a vida (nem sempre como ela é), se encantou por algo que não esperava. Era algo simples, porém delicado. E, de uma maneira incrível, também irresistível...

Não se conteve e entrou na loja que vendia objetos de porcelana. Com grande nervosismo (na verdade, apenas cuidado e receio de acabar quebrando algo de valor incalculável), chegou perto e admirou os detalhes de sua nova paixão - uma obra de arte que retratava o que há de belo e singelo nesse mundo.

Havia muitas pessoas ao seu redor. O barulho dos consumidores de fim de ano tentava abafar o som de seu coração que batia em ritmo acelerado (quase uma bateria!). Duas senhoras à direita discutiam animadamente como verdadeiras comadres. Ainda assim, estava tão fascinado que nada poderia desviar sua atenção.

Uma vendedora se aproximou e interrompeu o momento. Recusou, educadamente, a ajuda oferecida e voltou à contemplação. Com muita timidez, ousou se aproximar. E, em um ato de extrema coragem, tocou o objeto admirado. Ao vencer a insegurança, veio a felicidade do reconhecimento: estava diante de algo especial!

Durante semanas, voltou à loja, namorou o objeto que não saía de sua cabeça e encontrou novos detalhes ainda mais dignos de serem amados. Agora, espera o dia em que sairá de lá acompanhado...

5 comentários:

Anônimo disse...

Bem... achei o texto fofo (pra não usar meu mais famoso adjetivo... legal)! Entretanto, algo me diz que servi de inspiração para esse - sem querer parecer convencida, acho mesmo -, então, o sujeito é tão desastrado quanto eu... consegui me imaginar no lugar dele, tanto recusando ajuda, quanto temendo quebrar algo de valor muito além da minha 'ajuda social', apelidada de 'mesada'. Enfim. Tá de parabéns, Lali. Acho que você deveria postar aquele seu texto deprê que o cara deixa de 'ser', é muito bom também... além do seu poema sobre a pedrinha que vira um rochedo, ou algo assim.
That's all.

Valéria Vilas Bôas disse...

Hum, acho que eu descobri de onde vem nossa obsessão com o fofo Lali.
Quanto ao texto, vamos lá: acho histórias de admiração e cuidado são as mais gostosas da vida, ainda que assim no papel. A sensação de admirar uma coisa importante de longe - ou mesmo de se sentir no lugar do objeto de admiração - é provavelmente a mais gostosa que se pode sentir. Ter o coração querendo virar bateria (bateria mesmo, hum...) também é bom, seja pelo que for.

Respondendo sua pergunta: acho que eu pensei no fofo.

Anônimo disse...

Acho que agora descobri a sua fonte de inspiração: a família,claro! Pude ver Thaís quando lia determinada parte e minha mãe em outra. Só esqueceu de mim né? =PP Tudo bem, estamos apenas no começo... Curti o texto. Já foi eleito o melhor dos 3 textos postados =]

Anônimo disse...

onde anda a impulsividade?

Anônimo disse...

Fofíssima,

gostei muito do texto. Pena que, dessa vez, eu não sou a personagem central da história. Mas bem que poderia ser, né?

Torço para que a galera do bem faça uma vaquinha para ajudar fulana (q eu n lembro mais quem é) a comprar a tal da porcelana.

Ah! E eu tb quero uma de natal, tá? Fiquei curiosa para ver essa coisa irresistível! rsrsrs
beijoss