sábado, 21 de abril de 2007

Parece que eu também não sou mais a mesma

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

Juro que não sou das mais chegadas a poesia. Especialmente essa aí. Roda-viva, de Chico Buarque, marcou um trauma tão grande em minha vida que eu nunca me recuperei: até hoje eu tenho uma imensa dificuldade de compreender os versos e suas rimas. Tudo começou na 8ª série, quando chegou a fase em que os alunos deviam interpretar os textos poéticos.

E eis que, em uma das primeiras avaliações do ano letivo, M&M (apelido carinhoso dos alunos para a professora de Português) resolveu colocar Roda-viva como texto referência para respondermos umas questões. Foi nesse exato momento que começou minha dificuldade: eu tive que pensar o que eu achava que M&M achava que Chico Buarque achava ao juntar esse amontoado de palavras em estrofes.

Os mais sensatos e sensíveis dirão que eu fiz tudo errado, que a poesia deve ser interpretada por cada um de uma forma diferente - algo a ver com "cada indivíduo experimentar as emoções de um jeito". Tudo que eu posso fazer é lembrar que, na hora de responder provas, muitas vezes, conta mais o que o professor espera do aluno do que o que o aluno sentiu e achou - infelizmente. E foi por isso que eu fiz a prova e recebi uma nota sem saber do que se tratava a tal da roda-viva...

O estranho é que, dia desses, me peguei pensando novamente em Roda-viva (aviso logo: sem fanatismo por Chico Buarque!). Sete anos se passaram desde que M&M me deu aquela nota que eu já nem consigo lembrar se foi boa ou ruim. E de repente a roda-viva começou a fazer sentido pra mim - mesmo que seja um sentido qualquer, um "achismo" meu.

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração


Frase do dia:
"Save the cheerleader, save the world" - Hiro Nakamura (Heros)
Frase da semana:
"A vida cheira a incenso" - Me

6 comentários:

Amanda Fechine disse...

Putz! vc conseguiu resgatar os nossos tempos de M&M para "socializar" seus traumas. eu confesso que bloqueei esta parte da minha história da minha consciência. Sinto muito por vc n ter conseguido fazer o mesmo! rs

a sua vida cheira a incenso?
isso me lembra uma história de um prof. que chegou em casa e encontrou a avó sentada no sofá um tanto desnorteada. Vizinhos gringos recém instalados fumavam ervas ilícitas na varanda. A vovó comentou: incenso estranho...!

Amanda Luz disse...

hum... ps vc nao escreveu seus "achismos" aqui?

:-P

a sua vida cheira incenso?

:-P

Eu mesma disse...

fala mais...

Larissa Paim disse...

Bem, eu vo eclarecer logo a história do incenso pq parece q o povo tá achando q sou louca...

Estavávamos eu e Furtadinha na santa paz, só tentando fazer entrevistas com chineses e japoneses q ñ queriam conversa, qdo nos batemos com uma filha de japoneses que tem loja de roupa indiana. No final da entrevista, a mulher deu para mim e para Furtadinha incensos. Tudo o q sei é q minha bolsa até hj tem um leve cheiro de incenso...

Quanto aos meus "achismos", sinto mto: acho q eles ainda ñ merecem post ñ...

Valéria Vilas Bôas disse...

Guiné com mel?

Anônimo disse...

Esse pequeno probleminha de compreensão de poemas durante o período escolar é bastante comum... também fui vítima! Às vezes, nem o próprio autor sabia que queria dizer aquilo que os profassores dizem que ele queria...
Enfim, é um lance bastante complexo!