"Aqui e agora" - uma voz insistente e chata faz questão de repetir dentro de sua cabeça. O pior é que não tem como fazer ela parar, já que o botão "desligar" ainda não foi localizado. Está no escuro, breu total, e não sabe qual direção seguir. Tem medo de dar o primeiro passo e já aí descobrir que foi o passo errado. Como a visão de nada serve, confia em sua audição para saber para que lado vai a vida. Mas a verdade é que só ouve um zumbido insuportável de muriçocas que lhe atormentam os ouvidos. Às vezes, tem a impressão de escutar passos; mas logo se dá conta de que são apenas as batidas de seu coração alto demais, forte demais, sem controle demais. Na boca, o desagradável gosto do medo, do simplesmente não saber absolutamente nada - misturado com o inesquecível odor do temer falar. Vez ou outra, uma luz vermelha brilha a certa distância. Acredita piamente que seja um sinal de "por aqui". A luz lhe encanta e, ao mesmo tempo, lhe dói os olhos - ainda assim, insiste em encará-la. Passados uns minutos, começa a achar que a luz é loucura sua, uma amiga apenas (enfim!). Depois de tantas horas na mesma posição, se encolhe ainda mais e relembra uma canção de muito antes. "So give me something to sing about". Ao menos a voz chata já não é mais a sua.
terça-feira, 15 de maio de 2007
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2 comentários:
Essa sua inspiração é a mesma da tatuagem de Laís?
Humm... curti a referência a Buffy no final!
O caminho que seguimos, se certo ou errado, é sempre um mistério, mas qual seria a graça da vida sem essa incerteza?
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