quinta-feira, 13 de setembro de 2007

The show must go on

Abriu o armário. Pegou a blusa de que mais gostava, vestiu a calça que comprou na liqüidação e calçou o par de tênis amigo de tantas caminhadas. Foi até a cozinha e repetiu o movimento algumas vezes como se, na próxima vez em que fizesse isso, soubesse o que deveria fazer. Ajeitou as almofadas no sofá, desligou a tv e largou o livro não terminado num canto qualquer da sala. Olhou ao redor, coçou a cabeça e desistiu de ir novamente à cozinha na metade do caminho. Atendeu o telefone. Mais um engano. Foi até o quarto, abriu a gaveta e fechou porque não lembrou o que devia fazer. Deu um pulo na cozinha e comeu o último pedaço do bolo. Chegou perto da janela e olhou mais uma vez para a rua. Estava vazia. Colocou na bolsa somente o necessário e nada mais. Encarou seu reflexo no espelho da sala e ajeitou as contas a serem pagas no aparador - como se tanta organização fizesse diferença... Abriu a porta. Pensando no sol do dia seguinte (que não veria), fechou as cortinas. Apagou as luzes e saiu pela porta. Nunca mais voltou.

3 comentários:

Anônimo disse...

só hj reparei no seu íconezinho "short"... adorei! hehehe
bjs

Valéria Vilas Bôas disse...

Eu acho que jhá li esse conto...

Conça disse...

Lari, como ousas passar tanto tempo sem postar? Como vou manter a assiduidade assim?
Mas, menina, tem uma amiga minha que quando saiu de casa para nunca mais voltar fez quase exatamente assim como no seu conto, ela te contou, foi? A diferença está que ela não comeu o bolo e disse para mãe "adeus", foi embora para o Rio de Janeiro e nunca mais deu notícias.